sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Dar a conhecer.

Como é do conhecimento de alguns, há relativamente pouco tempo, enveredei numa experiencia, ao nível da industria de restauração, na Meda. Tal, caso não me tenha trazido grande mais valia, trouxe, no mínimo, a clarividência quanto ao actual estado do comércio medense.
Ao referir, no meu último post, que tem de ser o mercado a criar o comércio, fi-lo por saber que a Meda, neste momento, não tem mercado, salvo muito raras excepções, para tornar sustentável um negócio exclusivamente virado para o turismo. E é muito difícil para um comerciante, combater sozinho este desígnio. Mais triste é, ser do conhecimento geral que, o futuro da nossa terra tem de passar inevitavelmente pelo turismo, mas fica-se à espera que algo aconteça. Hoje, queria focar o tema deste post na importância que o Marketing assume em todo este processo.

Acho que, como diz o amigo Luís Filipe, no seu comentário ao meu ultimo post, é urgente a criação de uma linha de eventos, de motivos, para criar a justificação que faça com que as pessoas se desloquem até nós. Acompanhada, como é óbvio, por uma política de marketing agressiva, dinâmica e ousada. Tal passaria, obrigatoriamente, pelo município, uma vez que, à imagem dos municípios de pequena dimensão do nosso país, a Câmara Municipal, tem de desempenhar um papel de convergência e interdisciplinaridade, principalmente na tomada de políticas de marketing que levassem o nome da nossa terra, da nossa gente, dos nossos produtos mais além. Faltam agentes neste processo. Como diz a amiga Joana Seabra no seu comentário: “ … agentes capazes e suficientemente bem informados… “ Nós temos esses agentes, diria… Acho que o que nos falta mais é… visão. É preciso cultivar uma mentalidade aberta à nova realidade do sistema económico em que vivemos. Principalmente, no que toca aos comerciantes e empresários. Porque, o comboio, muita das vezes, só se perde uma vez, pois não torna a passar.

A título de exemplo: A Aldeia Histórica de Marialva teve, durante o ano de 2008, cerca de 20.000 visitantes registados… Por experiencia própria, posso dizer-lhes que, cerca de 80% desse número, não sabia que Marialva pertence ao Concelho de Meda.

Acho que, antes de tudo, temos que nos dar a conhecer.

O abraço.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Homo-economicus

Ainda no rescaldo da votação que aqui coloquei, acerca dos sectores económicos de maior importância para o concelho, muito há que dizer.
De facto, existe o reconhecimento geral, que o futuro terá de passar, indubitavelmente, por uma aposta no turismo. Por outro lado, é sobejamente reconhecido o potencial agrícola da nossa região. No entanto, e tendo em conta o cenário deste campo a nível nacional, somos obrigados a apontar as «“suspeitas” do costume».

Sem sombra de dúvida que a construção civil ocupou, e continua a ocupar, um lugar determinante na economia do nosso concelho. Aliás, cada uma das vezes que se dão ressentimentos no mercado da construção, dão-se, da mesma forma, abrandamentos económicos no sistema Microeconómico concelhio. Nunca ninguém poderá esquecer que, este, é o sector mais importante do nosso concelho actualmente. Não só ao nível da produção, mas também e principalmente, do ponto de vista do emprego, logo, um sector que, independentemente de apostas futuras, nunca deverá ser posto de lado a curto-médio, prazo.

A Agricultura, apesar de esporádicos investimentos, com notório sucesso, na produção de azeite e vinho, - esta ultima com um maior nível de intensidade por razões obvias - continua amarrada ao sistema cooperativista de micro-produção familiar, devido a vários factores globalmente conhecidos e que, para evitar delongas, adiarei a sua discussão.

O sector do comercio e serviços, está obviamente dependente de todos os outros sectores, uma vez que, vive mais do aumento do poder de compra e de capital, do que do investimento em si.

Depois vem a eterna jóia da coroa. O TURISMO. O eterno “filho bastardo” da terra, de forte e reconhecido potencial, e de, também forte, propensão para o adiamento do risco na tomada assumida dessa aposta. Não é só na Meda. É o retrato do País. Os casos em que o Turismo assume um papel economicamente reconhecido, são o Algarve e a Madeira. Por razões obvias. O Algarve vende o sol e a praia. A Madeira vende o Património Natural. Não necessitaram de aproveitamento “ex-novo”. Tinham um recurso gerado, que, paulatinamente ao longo do tempo, foi sendo reconhecido pelo mercado.

Nós não temos essa hipótese. Antes de falarmos em turismo, temos de gerar razões para a sua prática. Sim porque, na minha opinião, o Concelho de Meda, teve, até hoje, muito poucos turistas. Tem é bastantes visitantes. Compete-nos combater essa diferença. Como? Desde logo, apostando no mote. No motivo que faz com que as pessoas se desloquem até aqui, gostem de cá estar e fiquem com razões para voltar e trazer mais alguém. E aí, a meu ver, reside o problema. Temos Património Histórico mas indubitavelmente subaproveitado. Temos Património Cultural que, alarmantemente caminha a paços largos para a extinção devido ao seu esquecimento laxista. O mercado dos produtos tradicionais, sofre do mesmo problema do comércio em si. Não é o comércio que cria o mercado. Tem de haver mercado, para o comércio se criar.

Posto isto, e tendo em conta a abrangência destes temas, autopropus-me criar aqui as mini-jornadas para discussão do futuro económico do nosso Concelho. Conto com a participação de todos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Luz (por uma frincha) ao fundo do túnel.

A atribuição de bolsas de vencimento, aos médicos que pretendam exercer a sua actividade no interior é, de facto, uma pedrada (pequenina mas mesmo assim…) no charco, do marasmo de políticas de combate efectivo à desertificação. Acho que, poderá vir a ter um impacto positivo, na sociedade do interior português.

De facto, a urgência na tomada de medidas de descriminação positiva deste género, é notória. Faço votos para que este, seja o início de um ciclo de despertar para a realidade de combate a desertificação, que não deve ser encarada como um problema do interior, mas sim de todo o país.

A começar pelas Pequenas e Médias Empresas. Principal motor da economia do interior, e do país. Numa altura de desemprego crescente, o governo terá, por obrigação, que possuir a consciência que as PME’s são responsáveis em Portugal por cerca de 2.500.000 de postos de trabalho. Cerca de 60% da população activa portuguesa portanto.

E não é com linhas de crédito, que nada mais são que meios de propaganda governamental. Fica sempre bem criarem-se linhas de crédito, para incentivo ao investimento. Mas se atendermos ao facto que 80%, das Pequenas e Médias Empresas, não têm qualquer capacidade de endividamento, não servirá de nada.

O alarme surge com as crescentes tentativas de aumento à carga fiscal. É já um dado adquirido que o IVA não se manterá nos 20% durante muito mais tempo. Existe já a intenção de aumentar a Taxa Social Única dos Trabalhadores Independentes. Alteração à política de devolução do IVA às empresas, também parece não estar à vista.

Aplicando tudo isto à realidade do nosso concelho o cenário escurece. O nosso sistema económico concelhio, é composto por PME’s bem como Trabalhadores Independentes. Digamos que, a título de exemplo, se para um trabalhador independente, ter de pagar 200 € de segurança social por mês é um calvário, quando se perspectiva que esse valor venha a subir…

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mais Um Alerta

Mais um alerta. O mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional, lança um pouco mais de gasolina na fogueira. Por entre deficits, divida externa e receitas extraordinárias, mais um retrato de um Portugal tecnicamente falido.

Poderão os mais atentos alegar, e com alguma razão, que o FMI, sendo preenchido quase na sua totalidade, por ideais Neoliberais, tipicamente Estado-unidenses, tem sempre uma propensão para tentar afastar os países membros, de políticas de cariz social, logo, profundamente onerosas para o erário publico. Mas o caso português é deveras alarmante. Enquanto toda a gente se preocupa com deficits orçamentais, a minha real preocupação é só uma: A DÍVIDA PÚBLICA!
O já famoso Pacto de Estabilidade da zona Euro, impõe aos estados participantes, além do limite de 3% de deficit, que a Dívida Pública não ultrapasse os 60% do PIB. Ora, prevê-se que, já em 2011, a Dívida Pública do Estado Português chegue aos 90%. Em 2013 ultrapassará os 100%. Para terem uma ideia, muito basicamente, a dívida pública consiste em todas as contracções de empréstimos obrigacionistas feitos pelo estado, seja em empréstimos bancários, obrigações do tesouro, certificados de aforro etc. Também para terem uma ideia, o PIB português situa-se na ordem dos 200.000.000.000 € (Duzentos Mil Milhões de Eurinhos). Trocado por miúdos, prevê-se que, em 2013, toda a riqueza produzida em Portugal, seja inferior ao que o Estado deve.

Perguntar-me-ão: E daí?
Bem. Desde logo, corremos o risco de, nas próximas eleições legislativas, não estarmos a eleger um Primeiro-Ministro, mas sim um Administrador de Insolvência ou algo parecido.
Depois, e bastante preocupante, é o facto de este tipo de dívida que o Estado contrai, servir para fazer face a despesa corrente a maior parte das vezes, e não a despesa de investimento.
Por ultimo, e esta vem nos manuais, qualquer aumento drástico da despesa de um Estado, implica um aumento da sua receita. E 90% da receita do Orçamento de Estado Português provém de uma só fonte: IMPOSTOS!!! Sim… Mais impostos…

Por ultimo, e isto já se tem vindo a reflectir, tendo em conta que a máquina do estado é bastante despesista, nada melhor que passar umas quantas batatas quentes para o “fiel jardineiro”: As Autarquias. Dá-se cada vez mais competências às câmaras e uma lei de financiamento quase ditatorial, em contrapartida, elas que tratem de engendrar meios de financiamento.

O último caso, em que o FMI teve de intervir directamente, foi o Brasil. Mas esse, mesmo que esteja à beira do abismo, não há que preocupar pois, sendo tão grande, não cabe lá. Nós Lusos, sempre tivemos a “vantagem” de nos arrumarmos em qualquer canto. O buraco não precisa de ser muito grande…
O Abraço.

sábado, 28 de novembro de 2009

Livro de Sugestões

Com o aproximar de mais um mês de Dezembro, aproxima-se da mesma forma a reunião ordinária da Assembleia Municipal do referido mês. No termo de abertura deste espaço, expressei o meu desejo de que este fosse um sítio, onde os utilizadores poderiam expressar sugestões de assuntos, que gostassem ver debatidos naquele órgão representativo. Assim, podem sempre colocar nos comentários anexados a este Post, sugestões que poderão ser relevantes de debate no período de antes da ordem do dia.
Se preferirem, podem fazer as mesmas sugestões para o email carlosfial@gmail.com.

Mêda. Que Futuro?

Opiniões diferentes. Um Futuro Comum.
Cumprimentos:
Carlos Fial

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma Frase Com 2064 Anos

Realmente... Já nada é novo... Apenas... Humano.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

17 Kms

Antes de mais, mandam os bons modos, que apresente as minhas sinceras desculpas pela minha relativamente fraca actividade neste espaço. De facto o tempo, nos dias de hoje, torna-nos escravos dos ponteiros do relógio. Esperemos que agora, tendo eu aderido à moda dos portáteis, tal não se venha a repetir.

Cumpre-me desde já, tecer algumas considerações acerca da votação que aqui coloquei, sobre dois importantes eixos viários que passam pelo nosso concelho.
De facto assistimos a uma azáfama consagrada, não só na Meda, mas também em toda a região: o magno rebolar da construção, do já mais que famoso troço do IP2. Eu já o disse: a medida é boa, mas peca por tardia. Não demorará muito a estar totalmente construído, da mesma forma que não demorará muito, para que estejamos a apontar-lhe os defeitos imbuídos na nossa portugalidade crónica.

Nada disso interessa. O certo é que, os camiões dos magnatas da construção aí andam. O IP2, o tão discutido IP2, o fustigado IP2, O RESSUSCITADO IP2 aí está. E depois? Bem… depois… logo se vê. Ficaremos um bocadinho mais perto de Lisboa… Lisboa continuará cada vez mais longe de nós. Acho que continuamos a querer acabar geograficamente com assimetrias, que de geográficas nada têm. Pergunto:
Qual o retorno económico do IP2 para o nosso concelho? O que vai mudar?
Este governo ficará na memória de muitos, como os Senhores das estradas e auto-estradas do interior. Mas, e isto é a minha pessoal opinião, todo este investimento público, não tem por base nem propósito, nenhuma política de equilíbrio regional. È uma óptima forma de camuflar regressões económicas, através de investimento público. Numa espécie de New Deal à escala Portuguesa. Não que eu seja contra o IP 2. De maneira nenhuma. Avé Sr. Engenheiro Sócrates, por finalmente ter construído a estrada, que já andava aos tombos por gabinetes de Lisboa, desde os tempos da velha senhora. Mas, os milhões das A’s, IP’s, Aeroportos, Barragens e TGV’s lá vão compondo as contas do PIB. Penso que de facto o investimento público é fulcral, em alturas de recessão. Da mesma forma que penso, que o investimento público em alturas de recessão, deve ter como objectivo, a optimização para uma maximização da exploração de recursos endógenos, em alturas de progressão… se é que existem tais alturas...

E a velhinha 324? São 17 Kms. A EN 324 tem projecto aprovado na antiga JAE desde 1986. Tem dotação de verba em PIDDAC sensivelmente na mesma altura. Sendo da opinião comum, que o futuro económico do nosso concelho passa inevitavelmente pelo turismo, imaginem, se estivéssemos separados de Espanha por pouco mais de 30 Kms. O IP 2 fará aquilo que a Nacional 102 sempre fez. Fará com que continuemos ao lado do fluxo, que continuará com esporádico apeadeiro em Marialva. A mesma Marialva que dá, em minha opinião, mais dinheiro a ganhar a Trancoso e a Foz Côa do que à Meda.
Creio, indubitavelmente que, do ponto de vista económico a EN 324 é dona de maior urgência na sua construção do que o IP 2. Por isso, Sr. Engenheiro Sócrates, dê lá o jeito. Inclua lá 17 Kms de estrada num desses planos de investimento público. Ligue-nos ao lado de lá da Marofa. Donde, já o disse e repito, nem bom vento, nem bom casamento, MAS MELHOR SUSTENTO.

Mais uma vez, desculpem a ausência. Parafraseando alguém, andei por aí….

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Regionalização, Desconcentração, Descentralização e outras coisas acabadas em ão…

Longa vem a conversa em torno da Regionalização em Portugal. Aliás, a própria Constituição prevê a organização do território em Regiões Administrativas. A minha pergunta é: Administrar o quê?

De facto, todos os supostos fazedores de opinião que escuto ou leio, apresentam a regionalização como a resposta a todos os problemas da desertificação do interior português. “Abracadabra”, sai uma região administrativa para a mesa 6 e, zás catrapás, eis o problema do abandono, desertificação, deserção ou como lhe queiram chamar, resolvido.
Desculpem mas, eu, não concordo.

Concordo com o facto de, neste momento, a organização do poder político em Portugal, ser uma amálgama de entidades que faz com que, muitas vezes, nos sintamos perdidos na confusão. Mas isto, nada tem a ver com regionalização. Terá mais com desorganização.

Tudo piora quando, como sucedeu no último referendo sobre a Regionalização, os partidos políticos, em vez de discutirem mapas de regiões com pés e cabeça, que tenham em conta a identidade própria de cada “regionalizado”, preferem apresentar propostas, não de regiões administrativas, mas sim de Baluartes ou Burgos ou Feudos políticos.

Que mais dá ter uma região administrativa, quando o Distrito da Guarda continuará a eleger 4 deputados para a Assembleia da Republica, em contraste com o Distrito de Lisboa que elege dezenas? Para quando a coragem na criação de círculos uninominais? Isso sim seria representatividade. Evitaríamos que acontecesse o óbvio. Qualquer Governo dará prioridade, como tem sucedido, aos círculos eleitorais onde existem mais votos!
Todas as tentativas de divisão ou descentralização administrativa em Portugal, só deram em confusão.
Por exemplo:
No que toca à atribuição de Fundos Estruturais da União Europeia, os estados membros são divididos em Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins Estatísticos, (NUTS, do francês nomenclature d'unités territoriales statistiques,). Um nome que de facto espelha bem a complexidade do sistema, que, só por si, daria conversa para um post. Adiante…
Existem três regiões em Portugal que, devido aos índices de desenvolvimento per capita mais elevados, não podem concorrer a Fundos Estruturais. São elas: Lisboa e Vale do Tejo, (desde 2002 passou a chamar-se Região de Lisboa) Algarve (ou Allgarve… não sei bem) e Madeira (o Ti Alberto João não precisa destas coisas do “contenente”). Mas o que é certo é que, constantemente, são desviadas verbas provenientes de Fundos Estruturais da União Europeia, fundos destinados a regiões como a nossa e outras, para a Magna Lisboa. Questões que julgo não serem resolvidas por uma qualquer regionalização.

O propósito da regionalização seria, a colocação dos centros decisórios, mais perto dos cidadãos. Tendo em conta o tamanho do nosso querido rectângulo… não acredito que se justifique.
Depois vem a tal conversa. Mais uma região, implica mais um poder politico, com toda a sua organização. Justifica-se?
E porque não, começar por criar um modelo de gestão autárquica, que se ajuste a estas exigências cada vez mais actuais, em vez de se equacionar encerrar autarquias? Porque não, para além de se sobrecarregarem as autarquias de competências, dotá-las, de igual modo, de novos modos de financiamento, a começar por uma completa revisão da Lei de Financiamento das Autarquias Locais?
Porque, se a principal razão para a existência da regionalização é a proximidade, quem melhor que um Município para exercer esse papel?

Regionalizar ou Organizar?

Qual a vossa opinião?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Interioridades Interiorizadas

Acho que esta questão de desertificação, tem cada vez mais a ver com o aquecimento global… A metáfora é simples. Fala-se, fala-se, fala-se, sabemos que existe, sabemos que há maneiras de se combater e reverter tendências, mas... deixa andar. Preocupo-me com o aquecimento global, acho que é uma questão que merece medidas drásticas à escala mundial. Mas, não deixo de conduzir o meu carro de cinco cilindros, nem que seja para andar umas centenas de metros, fabricado há vinte e tal anos, numa altura em que aquecimento global só seria tema de conversa num filme do George Lucas. Com a desertificação é exactamente a mesma coisa. À mínima hipótese, vamos trabalhar para a metrópole, imbuímo-nos no espírito cosmopolita da cidade grande, arrendamos o nosso T1 para nos arrumarmos no meio daqueles “caixotes” empilhados, típicos da urbe, a que chamam prédios e, quando damos por nós, estamos numa dessas lojas FNAC, num desses centros comerciais repletos de impessoalidades, a assistir a mini conferências sobre combate à desertificação do interior, feitas por um urbanoide que do interior só deve conhecer o que viu no TV RURAL do Eng. Sousa Veloso. Bem… foi para desanuviar. Isto nem sempre é assim.

No outro dia no trabalho, um turista brasileiro colocou-me a questão sobre qual seria, a meu ver, o rei português que mais importância teria tido para o desenvolvimento do interior. Depois de pensar um pouco, respondi: “ Talvez D. Dinis.” De facto, este senhor tomou medidas inovadoras, para manter toda a região do interior beirão e transmontano, com índices demográficos bastante positivos. Fez investimento público, construindo ou reconstruindo castelos em tudo que era sitio e, mais importante, tomou medidas que, do ponto de vista económico, foram bastante importantes, como a criação de zonas francas, atribuição de cartas de feira ou de foral onde atribuía fortes regalias e isenções aos habitantes destas terras, ou a quem pretendesse vir para estas viver. Isto, como é obvio, é discutível. Já D. Afonso I tomou medidas de promoção ao povoamento destas bandas da raia, também seguidas por seu filho D. Sancho I “O Povoador”. Na altura, “De Castela nem bom vento, nem bom casamento”, de forma que seria melhor manter esta zona bem guarnecida, não fossem os senhores do lado de lá tecê-las. Mas, a ilação que eu quero tirar disto é que, a meu ver, andamos a desaprender. Se já na idade – média tínhamos medidas de descriminação positiva, porque é que hoje, os Governos, não aprendem com quem, há muitos anos, os antecedeu?

Eu, pessoalmente, acho que a situação do interior, não se resolve só com estradas. A medida é boa e necessária, mas peca por tardia. Além do mais, acho que as estradas, da mesma forma que melhoram as acessibilidades, também servem para fazer com que, quem por cá está, se vá embora mais rápido. Facto curioso, é que nós somos o único país que tem 200 km de distância entre interior e litoral e, mesmo assim, sofremos de um grau de êxodo rural superior a países bem maiores. Mais! Uma reforma administrativa, ou uma regionalização, nos moldes em que têm vindo a ser equacionadas, só vêm piorar a situação, tal como sucedeu com a Reforma Administrativa de Paços Manuel no séc. XIX. È como irmos amputando, constantemente, os membros gangrenados a um corpo, em vez de o tratarmos de forma conveniente. E não é o facto de existir mais uma, ou menos uma autarquia no interior, que vai tapar as misérias dos 8% de deficit orçamental. Se o pretexto for esse, então é melhor começarmos pelos institutos, direcções gerais, empresas públicas, empresas semi-publicas, enfim, aqueles gabinetes que proliferam pela nossa capital e que não se sabe muito bem para o que servem, esses sim, verdadeiros cancros a precisar de amputação pela raiz.

Sim, porque hoje, tal como ontem, de Castela, nem bom vento, nem bom casamento, mas se calhar, MELHOR SUSTENTO!!!

Carlos Fial


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Zona "Industrial"

Chegou ao fim a votação que aqui coloquei, sobre a hipotética criação do novo pólo da zona industrial. De facto, revela uma tendência clara para a colocação deste tipo de infra-estruturas, junto a eixos viários principais, por razões obvias. O posicionamento geográfico de uma empresa, é condição primordial para o seu sucesso... ou não.

Neste contexto, a minha opinião divide-se. Creio que a criação da antiga Zona Industrial (no bairro do prazo) era de facto necessária. Urgia a existência na Mêda, de um espaço que criasse condições de trabalho, de produção, meio ambiente, ordenamento de território etc... O problema, a meu ver, foi a política de distribuição dos lotes e os custos dos mesmos. Como é do conhecimento comum, passados vinte anos da criação da primeira Zona Industrial, ainda existem vários lotes por explorar. Depois, do ponto de vista de meio ambiente e ordenamento do território, ficamos com os pavilhões das empresas, paredes meias com zonas habitacionais. Porque, creio eu, se formos devidamente objectivos, uma zona industrial na Mêda ( freguesia entenda-se ) é necessária como infra-estrutura de fornecimento de serviços micro industriais. Agora, uma zona industrial que se vire de forma esclarecedora, para a exportação dos produtos aí produzidos, e geração de emprego em pequena e média escala, tem, como é obvio, de ter condições óptimas para escoamento de produção, de forma a aumentar índices de mercado e ao mesmo tempo, reduzir custos de produção.

Depois, outro problema nos surge:
Vamos apostar numa Zona Industrial para que empresas? E de que tipo? Porque, se formos a contar com o fluxo industrial já existente na Mêda, não precisamos de zona industrial para nada. Acho que o mesmo podemos dizer, no que toca a criação de condições para a grande industria. Não acredito que, a curto ou médio prazo, a Mêda, e toda a região, tenham condições para cativar investimentos do grande capital. Para haver empresas, tem de haver investimento. Para haver investimento, é preciso haver ideias. Para haver ideias, é preciso haver mercado. Para haver mercado tem de haver INOVAÇÃO.

Alguém me disse no outro dia que, o facto de sermos pioneiros em algo, é meio caminho andado para o sucesso. Nisso estou plenamente de acordo. Se o interior do nosso país, quiser continuar com a cabeça fora da água, precisa, urgentemente, de se reinventar economicamente. E essa reinvenção, tem de passar, não só pela maximização dos recursos de que dispomos, (Turismo, Agricultura... isto fica para outra conversa...) como pela descoberta de novos campos de investimento. E não seria vergonha nenhuma, que todo este desenho fosse suportado por uma estrutura composta por micro, pequenas e, quando muito, médias empresas, pois são essas que são responsáveis por mais de 70% do PIB português. Isto levar-nos-ia a analisar o papel do Estado Português no meio disto tudo mas, tendo em conta o que daria para dizer, fica para outra altura.

De facto, e isto creio que é uma "verdade de La Palisse", qualquer política na criação de infra-estruturas de suporte industrial, tem de ser acompanhada por uma política forte de apoio ao empreendedorismo. Através, não só de apoios à produção e à geração de emprego, mas também através de incentivos extra, como sendo, o auxilio a concursos a fundos de investimento, o apoio jurídico e económico-cientifico, empreendimento de políticas de marketing adequadas ou estudos de mercado realistas e dinamizadores. Neste campo, como é típico do nosso "síndroma de interioridade nacional", a autarquia desempenha um papel fundamental.
Mas não pode fazer tudo...


Carlos Fial

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

(Ex?)Expomêda

Numa destas noites de Sábado, numa mesa de café redonda, numa daquelas tertúlias de amigos onde se discute tudo mais alguma coisa, surgiu a sugestão de um dos temas a explorar neste espaço ser o feriado municipal e a forma como deve ser comemorado.
De facto a Mêda, neste aspecto, é um fenómeno curioso. O feriado municipal é o dia de S. Martinho, 11 de Novembro. No entanto, o padroeiro da Cidade é S. Bento, com dia a 11 de Julho. Por outro lado, muita gente me diz que, pela tradição que suporta, o feriado municipal deveria ser o dia da Festa Santa Cruz, 3 de Maio.
Qual será a maneira não só de comemorar mas também, e acima de tudo, rentabilizar um feriado municipal?
Nos últimos anos fez-se uma aposta - a meu ver errada na forma - na Expomêda. Sempre fui da opinião que esta festividade tinha um formato errado. “No S. Martinho vai à adega e prova o vinho.” Este seria, de facto, um bom mote para se fazer uma amostra de produtos regionais, quer de fabrico caseiro como industrial. Um formato virado para a Tradição, Gastronomia, Vitivinicultura, Castanha, Azeite, Amêndoa... Sustentado por uma política de marketing adequada. E sendo mais pequeno, tornar-se-ia mais barato, mas também, a meu ver, com maior impacto do ponto de vista económico.
A tentativa de tornar a Expomêda numa feira de actividades económicas provou, por si só, estar errada. Principalmente pelo simples facto de não ter, nem a dimensão, nem a abrangência de mercado, para se tornar rentável para os seus intervenientes. E se não se tira nenhuma mais-valia ao expor… então não se expõe.
Reparem por exemplo, no dia de S. Bento, 11 de Julho. Uma óptima altura para realizar actividades. Sendo o padroeiro da Mêda, este dia nunca, julgo eu, foi aproveitado.
A Santa Cruz, que nos nossos tempos de menino, levava-nos ao magnifico e saudoso convívio em torno da merenda…
No fundo, gostaria de obter a vossa opinião sobre o feriado municipal. Qual será a melhor data? E a melhor forma de se comemorar e rentabilizar?

Carlos Fial

Fumo Branco.

Saiu fumo branco da chaminé da casa da cultura.

Temos Presidente. E devo dizer desde já que, tendo em conta o discurso de união, determinação, trabalho, começou bem, a meu ver, o Presidente Armando Carneiro.

Temos mesa da Assembleia. Pela primeira vez, na história do poder local na Mêda, (corrijam-me se estiver errado) os trabalhos da Assembleia Municipal serão dirigidos por uma mulher. A cidadã mais votada ficará, justamente, a exercer o cargo a que se propôs.


Terá que sair também fumo branco deste espaço. Assim, caros amigos, a partir de agora, temos, acima de tudo, 4 anos pela frente.

Que Futuro?

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Saber ganhar vs Saber perder

Apesar deste blog ter como objectivo a discussão de politicas de futuro, tomo a liberdade de partilhar convosco várias ideias que nos últimos tempos me têm vindo a assaltar o pensamento.

Realmente, o efeito provocado pelo último sufrágio autárquico é, no mínimo, curioso.
No outro dia, cruzando-me com um amigo meu, candidato nas listas do PS à Câmara Municipal, dirigi-me a ele para lhe dar os meus parabéns pela vitória eleitoral. A resposta não se fez esperar: “Não me dês os parabéns. Afinal, foi bom para toda a gente.” Digno, direi.
Saber ganhar é tão difícil como saber perder.

Agora viraram moda os gritos de Liberdade e de fim da “Ditadura”.
Bem, as ditaduras normalmente acabam com revoluções e não com eleições livres e democráticas. Dá que pensar quando a referida “ditadura” teve o seu início há quatro anos com um resultado de 923 votos de diferença em relação ao PS.
Saber ganhar é tão difícil como saber perder.

Em entrevista a um jornal regional, o Dr. João Mourato tece uns comentários, em minha opinião bem infelizes, acerca das razões que levaram à derrota do PSD. Menciona que a derrota deve-se ao facto de algumas freguesias, onde o PSD normalmente obtinha grandes resultados, terem falhado. A grande afluência de eleitores na freguesia de Mêda também, na opinião do ainda presidente de câmara, contribuiu para a derrota. Entre traições, ingratidões e injustiças, ainda houve tempo para culpar os utentes da Santa Casa da Misericórdia de Mêda.
Nada melhor que deixar os números falar. Em relação às últimas eleições autárquicas votaram mais 137 pessoas na freguesia de Meda, número que se deve, em grande parte, aos eleitores que pela primeira vez votaram nas autárquicas. Mas se retirássemos esse número de votos ao PS, mesmo assim, o PSD perdia. Compete-me referir que o PSD teve, na Mêda, menos 65 votos em relação há quatro anos. Mas se retirássemos esses votos ao PS, mesmo assim, o PSD perdia. Tiremos também, sei lá… 100 votos, melhor… 150 votos ao PS, pelos utentes da Santa Casa (número bem exagerado). Mesmo assim o PSD perdia. As freguesias se falharam… talvez… bem… quiçá… deixa ver… poderiam andar descontentes, não?
Caso para dizer:
Saber perder é tão difícil...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aceitam-se apostas

Hoje, na viagem até terras de Pedro e Inês, vim entretido com os ecos da rádio acerca da tomada de posse do Sr. Eng. Sócrates.
Realmente vivemos períodos conturbados.
O Primeiro-ministro anuncia que constituirá governo de responsabilidade única do seu partido. Nada de mais até aqui. Aliás, a experiência Guterres resumiu-se a negociações legislativas pontuais, e o Sr. Sócrates, nada limitado, foi buscar para líder de bancada um Sr. já habituado a estas andanças de defender grupos que apoiam governos de maioria relativa: o Sr. Assis. (curiosamente eleito pelo distrito da Guarda… Beirão de gema.) Quando tivemos o fim de legislatura em estado de ebulição como foi o ultimo, e se tivermos em conta as medidas questionáveis (no mínimo) que aí vêm, constatamos que não haverá deputados limiano que cheguem para salvar o Sr. Sócrates. A esquerda já prometeu trazer a questão da avaliação dos professores à baila de novo. O CDS quererá rever a revista reforma reformada do código do processo penal, para não falar de segurança social e política fiscal. O PSD, entre Ferreira Leite, Paços Coelho, Marcelo, reclama vitórias atrás de derrotas, e entre príncipes e barões vai perdendo o comboio, à espera que o Sr. Presidente Silva saia da frincha do soalho de Belém onde se meteu depois do caso das escutas, qual conto de espionagem dos tempos de Krutchev. Se depois falarmos no investimento público, casamento homossexual, o já velhinho deficit, a não menos velha crise internacional (brevemente crise universal numa sequela digna de 12 Óscares da Academia) … Bem…. Sr. Sócrates…. Uma boa sorte lhe desejo. Aguentará os 4 anos?

Pela Meda. Bem… O PS com mais deputados… O PSD com mais Presidentes de Junta, logo, aritmeticamente, maioria na Assembleia. Irão haver acordos pontuais? Ou os Presidentes de Junta (numa atitude lógica e compreensível e que eu pessoalmente não censuro) encostar-se-ão de imediato a quem lhes dá a verba? Vamos ver… A primeira ilação surgirá quando for eleita a mesa da Assembleia. Aceitam-se apostas.

Carlos Fial

Como começar...

“Por minha culpa… minha tão grande culpa”. Seria uma bela maneira de começar a minha primeira intervenção neste espaço.
Tenho um passado que me conecta ao Dr. João Mourato. Não o quero negar. Sou militante do PSD, como é do conhecimento comum. Mantive-me fiel às suas candidaturas até à derrota do passado dia onze. O povo o ditou de forma inquestionável, inequívoca e justa. Agora, não viro costas ao meu passado político. E, se de nada mais me servir, que sirva pelo menos de lição.
Primeira questão:
Porquê só agora? Isto agora virou moda?
Só agora porque, efectivamente, uma coisa que o ultimo resultado eleitoral fez, foi abrir os olhos a muita gente. Eu fui um deles. Agora que olho para trás – as análises são sempre bem mais fáceis quando pretéritas - vejo que o meu ultimo mandato de membro de Assembleia Municipal nada mais foi do que a assistência, impávida e serena, à crónica de uma política com uma morte anunciada. Não pude, ou não o quis ver. Uns até avisaram, outros mudaram, eu... nem uma coisa nem outra. Faço o meu acto de contrição pessoal ciente que nem tudo foi mau e temos de pôr os olhos no futuro sem esquecer o passado. Não virou moda pois eu não quero que este espaço ocupe o lugar de nenhum dos já existentes. Quero que se completem. Quero ir mais além. Todos os comentários serão moderados. Gostaria e espero ter várias pessoas dos mais variados quadrantes (da economia à cultura, juventude, acção social, gente de trabalho, testemunhos de vida, independentemente de partidos e facções) a comentar neste espaço e com o tempo os convidarei para isso. De forma a tornar este espaço sério, decidi impor como condição que todos os comentários serão identificados.
Este espaço servirá também como uma ligação entre mim, enquanto membro da Assembleia Municipal, e todos os medenses. Conto com a colaboração de todos no que toca a sugestões sobre temas ou propostas que gostariam que fossem feitas na Assembleia Municipal.
Pela primeira vez em oito anos de Assembleia ocupo uma bancada não conectada com o poder. Não tenciono fazer oposição por fazer. Tenciono, isso sim, fazer um mandato de Deputado Municipal digno, sem pressões, a não ser as “pressões” daqueles que represento: a gente da minha terra.

carlos fial