sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Dar a conhecer.

Como é do conhecimento de alguns, há relativamente pouco tempo, enveredei numa experiencia, ao nível da industria de restauração, na Meda. Tal, caso não me tenha trazido grande mais valia, trouxe, no mínimo, a clarividência quanto ao actual estado do comércio medense.
Ao referir, no meu último post, que tem de ser o mercado a criar o comércio, fi-lo por saber que a Meda, neste momento, não tem mercado, salvo muito raras excepções, para tornar sustentável um negócio exclusivamente virado para o turismo. E é muito difícil para um comerciante, combater sozinho este desígnio. Mais triste é, ser do conhecimento geral que, o futuro da nossa terra tem de passar inevitavelmente pelo turismo, mas fica-se à espera que algo aconteça. Hoje, queria focar o tema deste post na importância que o Marketing assume em todo este processo.

Acho que, como diz o amigo Luís Filipe, no seu comentário ao meu ultimo post, é urgente a criação de uma linha de eventos, de motivos, para criar a justificação que faça com que as pessoas se desloquem até nós. Acompanhada, como é óbvio, por uma política de marketing agressiva, dinâmica e ousada. Tal passaria, obrigatoriamente, pelo município, uma vez que, à imagem dos municípios de pequena dimensão do nosso país, a Câmara Municipal, tem de desempenhar um papel de convergência e interdisciplinaridade, principalmente na tomada de políticas de marketing que levassem o nome da nossa terra, da nossa gente, dos nossos produtos mais além. Faltam agentes neste processo. Como diz a amiga Joana Seabra no seu comentário: “ … agentes capazes e suficientemente bem informados… “ Nós temos esses agentes, diria… Acho que o que nos falta mais é… visão. É preciso cultivar uma mentalidade aberta à nova realidade do sistema económico em que vivemos. Principalmente, no que toca aos comerciantes e empresários. Porque, o comboio, muita das vezes, só se perde uma vez, pois não torna a passar.

A título de exemplo: A Aldeia Histórica de Marialva teve, durante o ano de 2008, cerca de 20.000 visitantes registados… Por experiencia própria, posso dizer-lhes que, cerca de 80% desse número, não sabia que Marialva pertence ao Concelho de Meda.

Acho que, antes de tudo, temos que nos dar a conhecer.

O abraço.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Homo-economicus

Ainda no rescaldo da votação que aqui coloquei, acerca dos sectores económicos de maior importância para o concelho, muito há que dizer.
De facto, existe o reconhecimento geral, que o futuro terá de passar, indubitavelmente, por uma aposta no turismo. Por outro lado, é sobejamente reconhecido o potencial agrícola da nossa região. No entanto, e tendo em conta o cenário deste campo a nível nacional, somos obrigados a apontar as «“suspeitas” do costume».

Sem sombra de dúvida que a construção civil ocupou, e continua a ocupar, um lugar determinante na economia do nosso concelho. Aliás, cada uma das vezes que se dão ressentimentos no mercado da construção, dão-se, da mesma forma, abrandamentos económicos no sistema Microeconómico concelhio. Nunca ninguém poderá esquecer que, este, é o sector mais importante do nosso concelho actualmente. Não só ao nível da produção, mas também e principalmente, do ponto de vista do emprego, logo, um sector que, independentemente de apostas futuras, nunca deverá ser posto de lado a curto-médio, prazo.

A Agricultura, apesar de esporádicos investimentos, com notório sucesso, na produção de azeite e vinho, - esta ultima com um maior nível de intensidade por razões obvias - continua amarrada ao sistema cooperativista de micro-produção familiar, devido a vários factores globalmente conhecidos e que, para evitar delongas, adiarei a sua discussão.

O sector do comercio e serviços, está obviamente dependente de todos os outros sectores, uma vez que, vive mais do aumento do poder de compra e de capital, do que do investimento em si.

Depois vem a eterna jóia da coroa. O TURISMO. O eterno “filho bastardo” da terra, de forte e reconhecido potencial, e de, também forte, propensão para o adiamento do risco na tomada assumida dessa aposta. Não é só na Meda. É o retrato do País. Os casos em que o Turismo assume um papel economicamente reconhecido, são o Algarve e a Madeira. Por razões obvias. O Algarve vende o sol e a praia. A Madeira vende o Património Natural. Não necessitaram de aproveitamento “ex-novo”. Tinham um recurso gerado, que, paulatinamente ao longo do tempo, foi sendo reconhecido pelo mercado.

Nós não temos essa hipótese. Antes de falarmos em turismo, temos de gerar razões para a sua prática. Sim porque, na minha opinião, o Concelho de Meda, teve, até hoje, muito poucos turistas. Tem é bastantes visitantes. Compete-nos combater essa diferença. Como? Desde logo, apostando no mote. No motivo que faz com que as pessoas se desloquem até aqui, gostem de cá estar e fiquem com razões para voltar e trazer mais alguém. E aí, a meu ver, reside o problema. Temos Património Histórico mas indubitavelmente subaproveitado. Temos Património Cultural que, alarmantemente caminha a paços largos para a extinção devido ao seu esquecimento laxista. O mercado dos produtos tradicionais, sofre do mesmo problema do comércio em si. Não é o comércio que cria o mercado. Tem de haver mercado, para o comércio se criar.

Posto isto, e tendo em conta a abrangência destes temas, autopropus-me criar aqui as mini-jornadas para discussão do futuro económico do nosso Concelho. Conto com a participação de todos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Luz (por uma frincha) ao fundo do túnel.

A atribuição de bolsas de vencimento, aos médicos que pretendam exercer a sua actividade no interior é, de facto, uma pedrada (pequenina mas mesmo assim…) no charco, do marasmo de políticas de combate efectivo à desertificação. Acho que, poderá vir a ter um impacto positivo, na sociedade do interior português.

De facto, a urgência na tomada de medidas de descriminação positiva deste género, é notória. Faço votos para que este, seja o início de um ciclo de despertar para a realidade de combate a desertificação, que não deve ser encarada como um problema do interior, mas sim de todo o país.

A começar pelas Pequenas e Médias Empresas. Principal motor da economia do interior, e do país. Numa altura de desemprego crescente, o governo terá, por obrigação, que possuir a consciência que as PME’s são responsáveis em Portugal por cerca de 2.500.000 de postos de trabalho. Cerca de 60% da população activa portuguesa portanto.

E não é com linhas de crédito, que nada mais são que meios de propaganda governamental. Fica sempre bem criarem-se linhas de crédito, para incentivo ao investimento. Mas se atendermos ao facto que 80%, das Pequenas e Médias Empresas, não têm qualquer capacidade de endividamento, não servirá de nada.

O alarme surge com as crescentes tentativas de aumento à carga fiscal. É já um dado adquirido que o IVA não se manterá nos 20% durante muito mais tempo. Existe já a intenção de aumentar a Taxa Social Única dos Trabalhadores Independentes. Alteração à política de devolução do IVA às empresas, também parece não estar à vista.

Aplicando tudo isto à realidade do nosso concelho o cenário escurece. O nosso sistema económico concelhio, é composto por PME’s bem como Trabalhadores Independentes. Digamos que, a título de exemplo, se para um trabalhador independente, ter de pagar 200 € de segurança social por mês é um calvário, quando se perspectiva que esse valor venha a subir…

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mais Um Alerta

Mais um alerta. O mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional, lança um pouco mais de gasolina na fogueira. Por entre deficits, divida externa e receitas extraordinárias, mais um retrato de um Portugal tecnicamente falido.

Poderão os mais atentos alegar, e com alguma razão, que o FMI, sendo preenchido quase na sua totalidade, por ideais Neoliberais, tipicamente Estado-unidenses, tem sempre uma propensão para tentar afastar os países membros, de políticas de cariz social, logo, profundamente onerosas para o erário publico. Mas o caso português é deveras alarmante. Enquanto toda a gente se preocupa com deficits orçamentais, a minha real preocupação é só uma: A DÍVIDA PÚBLICA!
O já famoso Pacto de Estabilidade da zona Euro, impõe aos estados participantes, além do limite de 3% de deficit, que a Dívida Pública não ultrapasse os 60% do PIB. Ora, prevê-se que, já em 2011, a Dívida Pública do Estado Português chegue aos 90%. Em 2013 ultrapassará os 100%. Para terem uma ideia, muito basicamente, a dívida pública consiste em todas as contracções de empréstimos obrigacionistas feitos pelo estado, seja em empréstimos bancários, obrigações do tesouro, certificados de aforro etc. Também para terem uma ideia, o PIB português situa-se na ordem dos 200.000.000.000 € (Duzentos Mil Milhões de Eurinhos). Trocado por miúdos, prevê-se que, em 2013, toda a riqueza produzida em Portugal, seja inferior ao que o Estado deve.

Perguntar-me-ão: E daí?
Bem. Desde logo, corremos o risco de, nas próximas eleições legislativas, não estarmos a eleger um Primeiro-Ministro, mas sim um Administrador de Insolvência ou algo parecido.
Depois, e bastante preocupante, é o facto de este tipo de dívida que o Estado contrai, servir para fazer face a despesa corrente a maior parte das vezes, e não a despesa de investimento.
Por ultimo, e esta vem nos manuais, qualquer aumento drástico da despesa de um Estado, implica um aumento da sua receita. E 90% da receita do Orçamento de Estado Português provém de uma só fonte: IMPOSTOS!!! Sim… Mais impostos…

Por ultimo, e isto já se tem vindo a reflectir, tendo em conta que a máquina do estado é bastante despesista, nada melhor que passar umas quantas batatas quentes para o “fiel jardineiro”: As Autarquias. Dá-se cada vez mais competências às câmaras e uma lei de financiamento quase ditatorial, em contrapartida, elas que tratem de engendrar meios de financiamento.

O último caso, em que o FMI teve de intervir directamente, foi o Brasil. Mas esse, mesmo que esteja à beira do abismo, não há que preocupar pois, sendo tão grande, não cabe lá. Nós Lusos, sempre tivemos a “vantagem” de nos arrumarmos em qualquer canto. O buraco não precisa de ser muito grande…
O Abraço.