quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Homo-economicus

Ainda no rescaldo da votação que aqui coloquei, acerca dos sectores económicos de maior importância para o concelho, muito há que dizer.
De facto, existe o reconhecimento geral, que o futuro terá de passar, indubitavelmente, por uma aposta no turismo. Por outro lado, é sobejamente reconhecido o potencial agrícola da nossa região. No entanto, e tendo em conta o cenário deste campo a nível nacional, somos obrigados a apontar as «“suspeitas” do costume».

Sem sombra de dúvida que a construção civil ocupou, e continua a ocupar, um lugar determinante na economia do nosso concelho. Aliás, cada uma das vezes que se dão ressentimentos no mercado da construção, dão-se, da mesma forma, abrandamentos económicos no sistema Microeconómico concelhio. Nunca ninguém poderá esquecer que, este, é o sector mais importante do nosso concelho actualmente. Não só ao nível da produção, mas também e principalmente, do ponto de vista do emprego, logo, um sector que, independentemente de apostas futuras, nunca deverá ser posto de lado a curto-médio, prazo.

A Agricultura, apesar de esporádicos investimentos, com notório sucesso, na produção de azeite e vinho, - esta ultima com um maior nível de intensidade por razões obvias - continua amarrada ao sistema cooperativista de micro-produção familiar, devido a vários factores globalmente conhecidos e que, para evitar delongas, adiarei a sua discussão.

O sector do comercio e serviços, está obviamente dependente de todos os outros sectores, uma vez que, vive mais do aumento do poder de compra e de capital, do que do investimento em si.

Depois vem a eterna jóia da coroa. O TURISMO. O eterno “filho bastardo” da terra, de forte e reconhecido potencial, e de, também forte, propensão para o adiamento do risco na tomada assumida dessa aposta. Não é só na Meda. É o retrato do País. Os casos em que o Turismo assume um papel economicamente reconhecido, são o Algarve e a Madeira. Por razões obvias. O Algarve vende o sol e a praia. A Madeira vende o Património Natural. Não necessitaram de aproveitamento “ex-novo”. Tinham um recurso gerado, que, paulatinamente ao longo do tempo, foi sendo reconhecido pelo mercado.

Nós não temos essa hipótese. Antes de falarmos em turismo, temos de gerar razões para a sua prática. Sim porque, na minha opinião, o Concelho de Meda, teve, até hoje, muito poucos turistas. Tem é bastantes visitantes. Compete-nos combater essa diferença. Como? Desde logo, apostando no mote. No motivo que faz com que as pessoas se desloquem até aqui, gostem de cá estar e fiquem com razões para voltar e trazer mais alguém. E aí, a meu ver, reside o problema. Temos Património Histórico mas indubitavelmente subaproveitado. Temos Património Cultural que, alarmantemente caminha a paços largos para a extinção devido ao seu esquecimento laxista. O mercado dos produtos tradicionais, sofre do mesmo problema do comércio em si. Não é o comércio que cria o mercado. Tem de haver mercado, para o comércio se criar.

Posto isto, e tendo em conta a abrangência destes temas, autopropus-me criar aqui as mini-jornadas para discussão do futuro económico do nosso Concelho. Conto com a participação de todos.

6 comentários:

  1. Caro Carlos Fial,

    Não é fácil escrever sobre o tema, pois apesar de ser Medense de alma e coração, vivo num contexto diferente da realidade da minha terra.
    Poderia em termos gerais dar uns palpites, mas não conheço todas as variáveis e podia assim estar completamente errado.
    Confesso que não vislumbro muitas alternativas.
    A interioridade do nosso concelho e a falta de tradição industrial, não permite grandes voos.
    Não é ser pessimista, é ser realista.
    Resta a agricultura e o potenciar o Turismo.
    Quanto á agricultura foi pena termos deixado fugir as "cepas" para outros concelhos mais perto do Douro, embora se tenham feito algumas boas explorações vinícolas. Falta a sua comercialização na globalidade.
    No referente ao Turismo há que inventar novas formas pois, se bem orientado, temos património Histórico e Cultural.
    Hoje não temos tanto a desculpa da falta de redes viárias, embora nos faltem algumas estradas absolutamente necessárias, como aqui já foi falado.
    Que outros mais conhecedores do que eu, abordem o tema.
    Aquele abraço
    Lusitano Amaral

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  2. Amigo Carlos,
    É obvio que a construcção cívil é actualmente a par da autarquia a maior fonte empregadora do nosso Concelho.
    Mas como sabes e melhor do que eu, a construcção também está por um fio.
    A agricultura maior fonte de economia do nosso concelho de algumas decadas para cá caiu, a agricultura familiar não dá praticamente para as lavragens quanto mais para as pessoas poderem tirar algum lucro. Os mais jovens nada querem com a agricultura.
    A construcção com a desertificação que tem vindo aumentar no nosso concelho qualquer dia também deixa de ser uma fonte de rendimento e como sabes de à uns anos para cá já tem vindo a decrescer.
    Solução?
    Eu não tenho solução, mas acho que o turismo terá de ser no futuro a maior fonte de rendimento do nosso concelho.
    Um abraço
    Pedro Lourenço

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  3. Como reflecte a votação, a Meda deve o seu futuro no binómio turismo/agricultura.
    A questão que se segue é como mudar mentalidades…
    Considerando que a construção civil é a actividade económica motora do concelho e dado que, a curto-médio prazo, se avizinha uma crescente depressão, torna-se urgente encontrar novos caminhos. Excluindo as hipotéticas obras públicas de grande envergadura, este sector económico caminha, a passos largos, para a estagnação pelo que acredito que no micro-cosmos medense o fenómeno depressivo também se irá fazer sentir. É possível que a sobrevivência de algumas empresas do ramo passe agora pelo restauro e reconversão de edifícios antigos, como tem vindo a suceder em países como a Itália e a França, e mais recentemente na nossa vizinha Espanha
    Relativamente ao comércio e aos serviços, são duas áreas que como disse, e bem, o Fial crescem face ao poder de compra da população, pelo que o desafio será fazer crescer quer o poder de compra dos medenses quer o seu número.
    Segue-se a agricultura que, no caso da Meda, surge ainda, como um diamante por lapidar. É indiscutível a qualidade superior dos vinhos, do azeite e da amêndoa da Meda, sem esquecer toda uma panóplia de produtos que fazem as delícias de todos. Mesmo considerando os casos de reconhecido sucesso na exploração destes recursos, continua a faltar vontade de dar a volta à situação, de dinamizar o sector, de procurar novos investidores (porque não falta quem invista na agricultura, falta sim garantias de volume de produção e de reconhecida qualidade) e de essencialmente, no caso vertente, transformar a defunta Adega Cooperativa numa Cooperativa Agrícola, capaz de captar investidores e apoiar aqueles que têm vontade de trabalhar este sector económico.
    Por fim, o Turismo. A minha formação levou-me já a investigar alguns domínios desta área e garantidamente a Meda reúne todas as potencialidades que a aposta turística requer, sejam estas culturais, de natureza, religiosas, gastronómicas… O que falta na Meda é conhecimento da forma como tirar partido de todos os programas governamentais de apoio, e vontade dos dirigentes em dinamizar e sobretudo potenciar a aposta privada no sector.
    O que falta na Meda é o que falta no país, agentes capazes e suficientemente bem informados, com vontade de apostar em ideias criativas potencialmente vencedoras em cada uma das vertentes da economia.
    Peço desde já desculpa por me ter alongado, mas o tema é, para mim, de grande interesse. Por tal, sugiro uma discussão de cada área em particular.

    Cumprimentos,
    Joana Seabra

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  4. Caríssimo Carlos


    Gostaria de ser grande conhecedor dos problemas que afligem o nosso querido concelho, para que pudesse aqui debatê-los em profundidade e quem sabe contribuir para a sua solução ou pelo menos aliviar as suas mazelas.


    Parafraseando as palavras de um grande amigo tentarei, em " leves pinceladas",abordar cada tema que foi proposto através do olho clínico deste "Medense" que aí viveu até aos vinte e dois anos e que está há mais ou menos quarenta e dois afastado do seu ninho.
    Afastado sim, mas sem contudo perder o cordão umbilical, visto que visito a Mêda há dezanove anos ininterruptamente e por esse motivo é-me o direito de poder falar das transformações e das carencias afeitas ao nosso município.


    Falando de turismo: a nossa paisagem é soberba, pela sua diversidade.Quem falou que as nossa fragas não têm valôr? Quem disse que as encostas outrora escabrosas da Fonfria,do Valdégua, do Monte, da Lapinha,da Veiga etc,hoje plantadas não pertencem ás sete maravilhas do mundo? Que me dizem da Lavandeira, do Cadoiço, do Pequito, da Costa, do Moreiró, do Sangrinhal, do Nadavau, do São João, do Val da Manta,do Areal, da Ramalhosa,dos Badalos, não são lindos estes lugares? E as nossas freguesias e anexas,quanto cantinho paradisíaco existe escondido em suas belezas. Me desculpem os amantes dos "Algarves", dos "Alentejos",da praia, do mar,mas "outro maior valor se alevanta"que sem dúvida é a Beira Interior. Não faço a mínima ideia quanto á capacidae hoteleira da Meda, hoje penso que é ociosa, mas se houver um forte incremento turístico terá que haver uma total modernização hoteleira para atender às exigências do turista moderno.


    Turismo intra Meda não é possível pois a cidade está sem população. Num primeiro momento a Cãmara Municipal apelaria para o agito. Como? Teria que efetuar uma bem engendrada propaganda através de panfletagem e chamadas nas rádios da região para promover eventos visuais com conotação externa, para que pudesse atrair gente de municípios vizinhos. Eventos profissionalizados e bem organizados são de fácil aceitação do público, público esse que se tonaria um veículo especial de "marketing". A nossa gente é muito sisuda, tem que comer pimenta malagueta para ficar mais alegre, tem que bater palmas, tem que rir, tem que dançar, tem que deixar de pensar que fazer isto ou aquilo é saloiisse, porque quando se fazem as coisas muito naturalmente estamos fazendo bem à nossa saúde e á dos outros. Fernando Pessoa disse mais ou menos o seguinte:"Temos que desprezar as nossa roupas usadas e surradas,os mesmos trajetos que sempre percorremos e ousar, tentar a travessia porque se não ousarmos, ficaremos sempre à mercê de nós mesmos.Então? Vamos atender o Poeta e ousar?


    Num segundo momento e igualmente a Câmara Municipal,visto que é ela o primeiro órgão a ser irrigado pelo dinheiro público e por outros canais comunitários, terá que pensar mais alto e investir no verdadeiro turismo interno e tentar entrar em todos os lares portugueses de norte a sul do país. Isso seria feito através dos meios televisivos, com algumas incerções de alguns segundos mostrando os nossos monumentos e os da região, as nossas culturas, o nosso clima,tanto de verão como de inverno,as nossa belezas naturais,as nossa aldeias; através das rádios de grande alcance , através dos jornais de grande difusão e não esquecendo a internet, o meio mais rápido de se levar a notícia à mais remota região do planeta.O turista do exterior seria informado através da internet, através das representações lusitanas espalhadas pelo mundo, tais como embaixadas, casa de Arouca,casa de Viseu e outras centenas de casas espalhadas pelo mundo.


    Muita gente fica-se perguntando, e o custo? Nada vem sem custo, mas todo o custo tem que trazer um benefício, senão o investimento já nasce morto.Então a palavra custo-beneficio é muito importante. A ousadia estudada, medida, conjeturada com uma pitada de risco tem tudo para levar ao sucesso.
    No próximo comentári abordaremos os outros temas.


    Luís Filipe

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  5. Meus Caros amigos:

    Desde já agradeço, a todos, o enriquecimento que trouxeram, com os vossos comentários neste NOSSO espaço.
    Tendo em conta a abrangência deste tema, comprometo-me, desde já, a dar-lhe continuidade, logo que o tempo não me vigie, para que, através das nossas ideias, consigamos esclarecer certezas.

    O abraço amigo:

    Carlos Fial

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  6. Caríssimos !
    Permita-me, amigo Carlos Fial. deixar aqui expresso o meu contentamento pelo comentário do nosso amigo Luís Filipe. Parabéns, rapaz ! Sempre atento e clarividente. Apesar de longe, no "seu Brasil", sente o orgulho de ser Medense e de não cortar o cordão umbilical que o liga à sua terra.
    Dá pistas e aponta caminhos.
    Oxalá seja ouvido !
    Aquele abraço

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